sexta-feira, 15 de março de 2013

A.I.T - DONA BIBIANA

Acidente isquémico transitório


Um acidente isquémico transitório (AIT) é uma perturbação no funcionamento do cérebro causada por uma deficiência temporária de fornecimento de sangue ao mesmo.
Causas
Os fragmentos de matéria gorda e de cálcio que se formam na parede arterial (denominadas placas de ateroma) (Ver imagem da secção 3, capítulo 26) podem desprender-se e introduzir-se num pequeno vaso sanguíneo do cérebro, o que pode produzir uma obstrução temporária da circulação e, em consequência, um AIT. A acumulação de plaquetas ou de coágulos pode também obstruir um vaso sanguíneo e produzir um AIT. O risco de um AIT é aumentado se a pessoa sofrer de hipotensão, de aterosclerose, de uma doença do coração (especialmente nos casos de anomalias nas válvulas ou na condução cardíaca), de diabetes ou de um excesso de glóbulos vermelhos (policitemia). Os AIT são mais frequentes na meia-idade e a sua probabilidade aumenta à medida que se envelhece. Às vezes, os AIT manifestam-se em adultos jovens ou em crianças que sofrem de uma doença do coração ou de uma perturbação sanguínea.
Sintomas
Um AIT é de início súbito e geralmente dura entre 2 e 30 minutos; raramente se prolonga para além de 1 ou 2 horas. Os sintomas são variáveis em função da parte do cérebro que tenha ficado desprovida de sangue e de oxigénio. Quando são afectadas as artérias que são ramos da artéria carótida, os sintomas mais frequentes são a cegueira de um olho ou uma perturbação da sensibilidade juntamente com a debilidade. Quando são afectadas as artérias que são ramos das artérias vertebrais (localizadas na parte posterior da cabeça), são frequentes o enjoo, a visão dupla e a debilidade generalizada. No entanto, podem manifestar-se muitos sintomas diferentes, tais como:
  • Perda de sensibilidade ou perturbações da mesma num braço ou numa perna ou num lado do corpo.
  • Debilidade ou paralisia num braço ou numa perna ou em todo um lado do corpo.
  • Perda parcial da visão ou da audição.
  • Visão dupla.
  • Enjoo.
  • Linguagem ininteligível.
  • Dificuldade em pensar na palavra adequada ou para a exprimir.
  • Incapacidade em reconhecer partes do corpo.
  • Movimentos inabituais.
  • Incontinência urinária.
  • Desequilíbrio e queda.
  • Desmaio.
Embora os sintomas sejam semelhantes aos de um icto, são transitórios e reversíveis. No entanto, os episódios de AIT são, frequentemente, recidivantes. A pessoa pode sofrer várias crises diárias ou só dois ou três episódios ao longo de vários anos. Em 35 % dos casos um AIT é seguido de um icto. Cerca de metade destes ictos ocorrem durante o ano posterior ao AIT.
Diagnóstico
As primeiras chaves do diagnóstico para o médico são os sintomas neurológicos súbitos e transitórios que sugerem uma disfunção de uma área específica do cérebro. Às vezes é necessário efectuar provas complementares para diferenciar os AIT de outras perturbações com sintomas semelhantes, como os ataques epilépticos, os tumores, a enxaqueca ou os valores anormais de açúcar no sangue. Dado que não se verifica uma lesão cerebral, o médico não pode basear o diagnóstico nos exames que habitualmente identificam um icto, como uma tomografia axial computadorizada (TAC) ou uma ressonância magnética (RM).
Os médicos utilizam várias técnicas para avaliar a possível obstrução de uma artéria carótida ou de ambas. O fluxo irregular de sangue cria ruídos, conhecidos como sopros, que podem ouvir-se através do fonendoscópio. No entanto, pode existir sopro na ausência de uma obstrução significativa. O passo seguinte costuma ser uma ecografia e um estudo Doppler do fluxo sanguíneo, dois exames que se efectuam simultaneamente para medir o grau da obstrução e a quantidade de sangue que pode passar através da mesma. No caso de um estreitamento grave das artérias carótidas, o médico pode solicitar uma RM das artérias ou efectuar uma angiografia cerebral para determinar o grau e a localização da obstrução. No caso da angiografia injecta-se um contraste radioopaco (que se observa nas radiografias) numa artéria e ao mesmo tempo fazem-se as radiografias da cabeça e do pescoço. (Ver secção 6, capítulo 60)
Ao contrário do que acontece com as artérias carótidas, a ecografia e os estudos Doppler são menos eficazes para avaliar as artérias vertebrais. A única forma de efectuar uma comprovação segura do compromisso de uma artéria vertebral é através da RM ou da angiografia. No entanto, se se encontrar uma obstrução, pode não ser possível eliminá-la porque a cirurgia é mais difícil nas artérias vertebrais do que nas carótidas.
Irrigação do cérebro
O sangue é transportado para o cérebro por dois pares de grandes artérias: as artérias carótidas e as artérias vertebrais. Ambas levam o sangue do coração; as artérias carótidas circulam ao longo da parte anterior do pescoço e as artérias vertebrais pela parte posterior do pescoço, por dentro da coluna vertebral. Estas grandes artérias desembocam num círculo formado por outras artérias, do qual saem artérias mais pequenas, assim como ocorre com as estradas que saem de uma rotunda de tráfego. Estes ramos levam sangue a todas as partes do cérebro.
Tratamento
O tratamento dos AIT é dirigido à prevenção dos ictos. Os principais factores de risco de um icto são a pressão arterial alta, os valores elevados de colesterol, o tabagismo e a diabetes, pelo que, sempre que seja possível, o primeiro passo para o prevenir é abordar ou corrigir os factores de risco. Podem administrar-se medicamentos para reduzir a tendência das plaquetas a formar coágulos, uma das principais causas do icto. Um dos fármacos preferidos pela sua eficácia é a aspirina, que costuma prescrever-se em doses de um comprimido para crianças uma vez ao dia. Às vezes receita-se o dipiridamol, mas na maioria das pessoas não é tão eficaz. As pessoas que não toleram a aspirina podem tomar ticlopidina. Quando se necessita de medicamentos mais fortes, o médico pode prescrever anticoagulantes como a heparina ou a varfarina.
O grau de obstrução nas artérias carótidas ajuda o médico a estabelecer o tratamento. Se um vaso sanguíneo estiver obstruído em mais de 70 % e se a pessoa tiver sintomas que sugiram um acidente vascular cerebral nos últimos 6 meses, então a cirurgia pode ser necessária para eliminar a obstrução e prevenir um possível icto. Habitualmente as obstruções menores só se eliminam se tiverem causado um AIT ou um icto. Durante a intervenção que é costume efectuar-se nestes casos (endarterectomia), o médico elimina os depósitos de gordura (ateromas) da artéria carótida. No entanto, esta intervenção tem um risco de 1 % a 2 % de causar um icto. Por outro lado, nas obstruções menores que não provocaram sintomas, o risco cirúrgico parece ser maior do que aquele que se correria sem intervir.

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