A portuguesa Sara Moreira foi este domingo a terceira
classificada da Maratona de Nova Iorque, terminando em 2:25.59 horas a sua
prova de estreia na distância.Sara Moreira, primeira não africana a cortar a
meta, gastou mais 52 segundos do que a vencedora, a queniana Mary Keytani, que
completou a corrida em 2:25.07 e bateu a sua compatriota Jemima Sumgong por
três segundos A 44.ª edição da maratona de Nova Iorque, disputada neste
domingo naquela megalópole norte-americana, proporcionou um inesperado regresso
português ao mais alto nível na maior distância olímpica do atletismo. Ana
Dulce Félix e Sara Moreira participaram na vertente feminina do evento Sara
estreava-se mesmo nos 42.195m e, após uma prova personalizada, em que deteve
em vários momentos o comando, a agora atleta do Sporting acabaria por ficar num
sensacional terceiro lugar, com uma marca mais do que promissora: 2h26m00s. A
prova foi influenciada pelo forte vento que se fez sentir, lateral ao
desenrolar da corrida, e por outros dois factores: a dificuldade do percurso e
a ausência de lebres, tudo a contribuir para que as marcas finais não tivessem
a dimensão que alcançariam noutra ocasião.Após o tiro de
partida, dado meia hora antes de arrancarem os atletas masculinos, Sara Moreira
ficou sempre no grupo da frente. Passou aos 10km em 35m01s e à meia-maratona em
1h12m07s — e muitas vezes liderou. Pareceu mesmo estar a arriscar demasiado,
mas sabia ao que vinha. A certa altura, acreditou-se mesmo que poderia
aproximar-se do velho recorde nacional da maratona, que Rosa Mota estabeleceu
em 1985, em Chicago, com 2h 23m29s.Após várias escaramuças, só aos 30km a atleta de Santo Tirso começou a
descolar um pouco do sexteto que então se formara na frente. Recuperou por duas
vezes, mas quando foi desferido o ataque decisivo por parte de duas quenianas,
Mary Keitany, a antiga recordista da meia-maratona, e Jemima Sumgong, já não
conseguiu acompanhá-las. Porém, a verdade é que ficou isolada no terceiro lugar
e tentou com realismo defendê-lo. A veterana Jelena Prokopcuka, letã de 38 anos de idade que passou muitas
temporadas em Portugal, entretanto reaproximou-se um pouco, mas Sara preservou
a preciosa posição que permitiu evitar um pódio todo queniano, já que Keitany
(2h25m07s) se impôs a Sumgong por três segundos, após longa luta no Central
Park.“Apesar de acreditar que estava muito bem preparada e foi isso que fez
toda a diferença , apesar de um ‘top 10’ ou ‘top 8’ ser possível, o pódio
nunca passou pela minha cabeça e estou muito satisfeita por isso”, reconheceria
mais tarde Sara Moreira, em declarações à SIC Notícias.no lapso de um ano, a vida de Sara
deu grandes voltas. Foi mãe, regressou em bom plano e, não tendo nos Europeus
de Agosto, em Zurique, conseguido chegar às medalhas (ao contrário do que havia
feito nas duas edições anteriores do certame), decidiu orientar-se para a
maratona. E a estreia foi assinalada com um tremendo sucesso, especialmente se
tivermos em conta que a marca deste domingo, num percurso como o de Berlim,
Roterdão ou mesmo Londres, valeria decerto o recorde nacional.A
forma como festejei no final da prova] deve-se a um esforço muito grande nos
últimos dois meses, ao facto de ter abdicado do aniversário do meu filho, que
fez ontem um ano, e de poder estar aqui e correr bem e dedicar-lhe este
resultado”, sentenciou a atleta de 29 anos, que reconhece ter atravessado “uma
fase difícil” na corrida, aos 30km. “No pódio, só acreditei mesmo nos últimos
2km, quando me apercebo que estou em terceiro e que, à partida, já não iria ser
alcançada por nenhuma atleta”.Ana Dulce Félix, por seu lado, atrasou-se cedo, mas não se
rendeu sem lutar contra uma hipotética solução de desistência e acabou por
ficar no 12.º lugar. Ainda chegou a ser décima, mas foi passada na parte final
por duas americanas, incluindo Deena Kastor, a recordista nacional, para se
ficar pelas 2h35m33s.Nas contas finais da prova feminina, Prokopcuka acabou em quarta, com
2h26m15s, e em quinta ficou a melhor norte-americana do dia, Desiree Linden,
com 2h28m11s.
PÚBLICO
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