Após um longo e aparentemente interminável calvário de lesões,
operações e períodos de recuperação, Nelson Évora emergiu de novo à tona de
água, vivo e de boa saúde, para se sagrar campeão europeu de pista coberta no
triplo salto, no Campeonato da Europa de pista coberta, que no domingo termina
em Praga, na República Checa. O campeão mundial de 2007 e olímpico do ano
seguinte cumpriu a promessa deixada nos recentes campeonatos nacionais de
clubes, em Pombal, quando regressou à casa dos 17 m na sua disciplina, ao
atingir 17,19m e passar a ser o melhor europeu do ano.
A qualificação do dia
anterior mostrara um Nelson Évora sombrio, mas neste sábado, perante uma Arena
02 repleta, já esteve mais solto e os resultados apareceram. Esta medalha de
ouro, para além de ser a 20.ª de Portugal no Europeu de pista coberta, colmata
uma lacuna na carreira do atleta do Benfica, aos quase 31 anos de idade, já que
não havia conseguido ainda um título em campeonatos europeus, fossem eles ar
livre ou indoor. E, mais do que isso, confirma o relançamento da sua carreira
para um ciclo que culminará com os Jogos Olímpicos de 2016.
A final começou mal para
Évora, com dois nulos, enquanto o novo recordista espanhol, Pablo Torrijos,
fazia 16,93m ao segundo salto e um velho conhecido do português, o romeno
Marian Oprea, chegava a 16,91m, também ao segundo ensaio. Porém, Nelson Évora,
mesmo sem um salto perfeito, repôs as coisas nos trilhos com 16,98m no terceiro
salto, passando para a frente. Torrijos não se rendeu logo e, no quinto salto,
bateu por um centímetro o seu próprio recorde de Espanha, retomando a
liderança. O português respondeu de imediato com um salto decisivo, a 17,15m, e
logo se viu que para qualquer outro uma resposta já não seria suficiente.
À vontade, já com o título
no bolso, Nelson Évora arriscou um pouco mais na sua última possibilidade e
aterrou a 17,21m, de novo melhor marca portuguesa e europeia do ano, a dois
centímetros da melhor mundial. Perfeito, embora as distâncias obtidas por todos
ficassem longe das de outros tempos.
“Este é um momento
espectacular, depois de tantos anos de lesões e um exemplo para todos os que
não acreditavam que era possível. Não podia ter feito melhor, estou fisicamente
bem e não tenho dores”, assinalou
o português, apontando agora ao futuro: "Vamos passo a passo, preparar o
que está mais perto. Agora os meetings,
depois o Campeonato do Mundo e só depois os Jogos [Olímpicos]".
PÚBLICO
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