UMA MORTE A CADA 40 SEGUNDOS: É PRECISO ESTAR ALERTA
PORQUE É POSSÍVEL PREVENIR O SUICÍDIO
A morte auto-infligida é responsável por cerca de 800
mil perdas de vidas humanas a cada ano, ou seja, o suicídio mata mais do que o
cancro da mama, a malária, a guerra ou os homicídios. Hoje é o Dia Mundial da
Saúde Mental.
Uma
pessoa suicida-se no mundo a cada 40 segundos, o que perfaz um total de 800 mil
casos por ano. Os dados revelados no mês de setembro são
de um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o suicídio,
que é descrito como um "importante problema de saúde pública global, que
afeta todas as idades, sexos e regiões do mundo".
"Cada
suicídio é não só uma tragédia para quem perde a vida, mas também para os
familiares, colegas, amigos e comunidade onde aqueles que cometem suicido se
inserem, frequentemente sem terem assistência de que necessitam", começa
por alertar o psiquiatra Ricardo Coentre.
COMO REAGIR?
Em caso de ideação suicida ou se conhecer alguém
em risco, procure um médico.
Em caso de emergência, ligue para o 112.
Mais contactos
Centro SOS-Voz Amiga (diariamente das 16h00 às
24hoo)
- 21 354 45 45
- 91 280 26 69
- 96 352 46 60
Linha Telefone Amigo (todos os dias das 17hoo à 01h00)
239 72 10 10
Linha Telefone Amizade (de segunda a quinta-feira das
16h00 à 01h00; sexta-feira e sábado das 19h00 às 21h00 horas)
-
800 205 535
Segundo o documento da OMS, nos últimos anos o suicídio tem aumentado entre os mais jovens, sendo que na faixa etária entre os 15 e os 29 anos esta é, a seguir aos acidentes rodoviários, a segunda principal causa de morte. Quando analisada a faixa de jovens até aos 19 anos, o suicídio passa a surgir em terceiro lugar nas causas de morte, após os acidentes de viação e apenas ligeiramente abaixo das mortes causadas por violência interpessoal.
Em
todas as idades, o suicídio apresenta uma taxa maior nos homens do que nas mulheres,
com uma média nos homens 1,8 vezes maior do que no sexo feminino.
"As
tentativas de suicídio ocorrem cerca de 20-30 vezes mais do que os suicídios
consumados. Uma tentativa prévia de suicídio é considerada como um dos mais
importantes fatores de risco para o suicídio. Assim especial cuidado deve ser
tomado com aqueles que sobrevivem a uma tentativa de suicídio, no sentido de
terem os cuidados e seguimento de que necessitam. No geral, o suicídio
predomina nos homens, com uma proporção de 3:1 em relação ao sexo
feminino", esclarece o médico.
Sinais a que é
importante estar atento
São
as pessoas mais próximas do indivíduo, como familiares e amigos, que têm um
papel fulcral na identificação de sinais
indicadores da presença de fatores de risco para comportamentos suicidários,
dos quais se destacam: o sofrimento e tristeza profunda; o isolamento social; a
baixa autoestima; as alterações repentinas de humor; a adoção de comportamentos
de risco, como o consumo abusivo de bebidas alcoólicas ou substâncias
psicotrópicas; os sentimentos de culpabilidade e de desvalorização pessoal;
abordar temas relacionados com a morte ou o suicídio com maior frequência; ou
expressar a intenção de cometer suicídio.
"Este
último ponto jamais deve ser desvalorizado, dado que é frequente que a pessoa
verbalize que pretende suicidar-se antes de realizar o ato",
alerta Joaquim Cerejeira, também médico psiquiatra.
Reconhecido
o problema, a etapa seguinte passa por tentar ajudar a pessoa a sair da
angústia em que se encontra, mostrando-lhe que existe um caminho diferente para
solucionar aquilo que a atormenta. "Felizmente uma parte significativa dos
suicídios pode ser prevenida. Temos que garantir que todos têm o apoio de que
necessitam quando necessitam", frisa Ricardo Coentre.
"É
fundamental para reduzir o estigma associado, permitindo que aqueles que
necessitam falem sobre este assunto e procurem ajuda", acrescenta este
médico.
"Restringir
acesso aos meios letais, estimular os média a divulgarem histórias de esperança
e identificar aqueles em risco de suicídio o mais precoce possível, para
poderem ter o suporte de que necessitam" são, nas palavras de Ricardo
Coentre, outras formas de prevenir o suicídio.
"A sociedade
tem um papel importante na prevenção do suicídio, podendo providenciar o
suporte social aos indivíduos vulneráveis e empenhar-se no seguimento dos
doentes, combater o estigma e apoiar aqueles que ficam enlutados pelo suicídio
de um familiar ou amigo", reitera o médico.
"Todos
somos responsáveis pela identificação daqueles que pensamos que poderão estar
em risco: amigos, familiares, colegas ou conhecidos", conclui o
especialista.
Os tratamentos variam
Cada
caso é um caso e na doença mental não é diferente. O tratamento a adotar irá
depender dos fatores que desencadearam as intenções suicidas. "Caso
estejamos perante um quadro psicopatológico, a psicoterapia e a utilização de
fármacos são dois métodos a considerar, assim como, em última instância, o
internamento", indica Joaquim Cerejeira.
"Para
os restantes casos, o tratamento e acompanhamento psicológico regular poderão
ajudar a pessoa a ultrapassar o estado de angústia extrema em que se
encontra", afirma este psiquiatra
10 out 2019 08:00
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