Os juros dos depósitos a prazo continuam em queda e são já insuficientes
para compensar a taxa de inflação.
Os bancos continuam a cortar nos juros dos depósitos a prazo. Em Maio, a
taxa de juro média das novas aplicações chegou aos 0,69%, para as famílias
portuguesas, enquanto a taxa oferecidas às empresas caiu para 0,42%. Valores
brutos que, ainda assim, ficam já abaixo da taxa de inflação registada em
Portugal no mesmo mês, em 1%. Ou seja, quem aplicar o seu dinheiro em depósitos
a prazo está na verdade a perder poder de compra.
Os juros médios para as novas aplicações a prazo das famílias caíram de
0,85%, em Abril, para 0,69%, segundo dados publicados pelo Banco Central
Europeu na sexta-feira. Trata-se de um novo mínimo histórico, muito longe das
taxas superiores a 4,5% que os bancos ofereciam no final de 2011, quando mergulhados
numa crise de liquidez. Hoje, os bancos procuram repor a rentabilidade da sua
margem financeira, o que significa pagar juros menores nos depósitos e retomar
a concessão de crédito.
Recorde-se que as mais valias resultantes de aplicações a prazo são taxadas
a 28%, o que significa que uma taxa de juro bruta no valor de 0,69% dá lugar a
uma rentabilidade líquida de 0,5%. Ou seja, um depósito de 10.000 euros renderá
50 euros ao final de um ano.
Um valor que é insuficiente para compensar a actual taxa de inflação. Em
Maio, situou-se em 1% em termos homólogos, o que significa que precisaria hoje
de 10.100 euros para comprar aquilo que há um ano lhe custaria 10.000 euros.
Com o actual nível de subida de preços, manter o seu dinheiro estático numa
aplicação a prazo não lhe permitirá compensar a inflação. Ou por outras
palavras, estará a perder dinheiro em termos reais.
Apesar disso, as famílias portuguesas continuam a reforçar o total de
depósitos a prazo. Em Maio, o ‘stock' de aplicações voltou a crescer, em 208
milhões de euros, para um total de 102.063 milhões de euros, perto do valor
mais alto de sempre, registado em Junho de 2012, quando o total de depósitos
das famílias atingiu os 104.761 milhões de euros.
Também nas empresas a taxa de juro média renovou mínimos históricos em
Maio, ao cair de 0,53% para 0,42%, o que se traduz numa rentabilidade líquida
de 0,3%. No entanto, ao contrário do que acontece nas famílias portuguesas, o
‘stock' de depósitos das empresas encontra-se no valor mais baixo desde Junho
de 2003, o que sugere que procura por alternativas de investimento. Note-se
que, no caso das empresas, a lógica destas aplicações obedece principalmente a
um horizonte temporal de curto-prazo, de parqueamento de tesouraria durante
alguns meses. Ainda assim existem alternativas como os fundos do mercado
monetário ou fundos de tesouraria.
Marta Marques
Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário