sexta-feira, 30 de setembro de 2022
quarta-feira, 28 de setembro de 2022
QUIET QUITTING - DE BOLA NEM O CÃO VAI À CAÇA!
Quiet Quitting: Como podem as empresas ultrapassar esta tendência entre os trabalhadores?
Muito se ouviu falar sobre o “Quiet Quitting” durante este último mês. O desprendimento emocional face ao trabalho sempre existiu, mas tem agora um nome e tornou-se uma tendência.
Por Marco Gouveia, consultor de Marketing Digital
Basicamente, o Quiet Quitting ou “desistência silenciosa” trata-se de não executar tarefas para as quais não se recebe compensação financeira, ou seja, não fazer mais do que o necessário para manter o emprego. Esta é uma forma de estar adoptada especialmente pelas gerações mais jovens que ingressaram recentemente no mercado de trabalho, para quem não faz sentido sacrificar o seu tempo e saúde por qualquer empresa, até porque, geralmente, não existe compensação que o justifique.
Os resultados do relatório “State of the Global Workplace”, divulgado pela Gallup, sobre o local de trabalho e o bem-estar, mostram que o fenómeno está a tornar-se, efectivamente, uma tendência: o grau de envolvimento dos trabalhadores norte-americanos desceu para 32% no primeiro trimestre deste ano (era de 36% em 2020 e de 34% em 2021) e a percentagem de “não envolvidos” – que definem limites profissionais e cumprem os mínimos – aumentou para 17% (era de 14% em 2020 e de 16% em 2021). Mais de metade dos inquiridos deste grupo tinha idades iguais ou inferiores a 33 anos e a maioria cultivava a “desistência silenciosa”. Mas a que se deve a acentuação deste fenómeno?
Durante muito tempo, as empresas esperavam que os trabalhadores fizessem mais do que lhes competia, pelo mesmo salário – ideia que se foi consolidando no mercado de trabalho até que os trabalhadores que faziam apenas aquilo pelo qual eram pagos começaram a ser vistos como maus profissionais. Considerava-se que deveriam realizar todo o trabalho que houvesse para fazer e/ou que lhes fosse pedido – trabalhando fora de horas se necessário -, o que acabou por criar esta necessidade de imposição de limites e distanciamento. Afinal de contas, faziam mais do que lhes competia, sem qualquer compensação, apenas porque era “bem visto”. Quem não compactuava com esta suposta normalidade (sair mais tarde do trabalho por sistema, estar sempre contactável e disponível para realizar qualquer tarefa, mesmo fora de horas ou de férias, etc.), era “alguém que não queria trabalhar”.
Certamente já ouviu entre empregadores o desabafo: “as pessoas hoje em dia não querem trabalhar!”. Ora, existem, sim, esses casos, contudo, existem também empresas que não querem oferecer aos trabalhadores um ambiente de trabalho saudável, um salário digno e uma compensação extra pelos esforços adicionais que estes têm em prol da empresa. É preciso premiar quem faz “a mais” – porque fazer “a mais” não é um dever, muito menos uma obrigação. Portanto, se é empregador, antes de dizer que as pessoas não querem trabalhar, pense antes se aceitaria as ofertas de emprego da sua empresa e se gostaria de trabalhar diariamente nela.
Num panorama marcado por baixos salários, um respeito mínimo pelo equilíbrio vida-trabalho dos trabalhadores e ausência de compensações pelos seus esforços, não podemos culpar quem aderiu ao Quiet Quitting – parece até uma decisão sensata. Ainda assim, é preciso ter presente que essa decisão implica deixar de fora a ambição de subir na empresa e escalar o seu salário, pois como pode uma empresa promover alguém que não mostrou resultados dignos de uma promoção?
É indiscutível que os trabalhadores têm o direito de ganhar um ordenado justo pelas suas funções e que, neste momento, em Portugal, na maioria dos sectores, não é o que acontece. No entanto, se todos adoptarem esta tendência, como poderão as empresas evoluir e premiar os seus trabalhadores? Aponta-se que as empresas não dão oportunidades de crescimento, que não há janelas abertas para aumentos salariais, mas e os trabalhadores? Quantos estão dispostos a darem mais de si do que aquilo pelo qual são pagos, com vista a chegarem mais longe e serem, então, compensados?
Estaremos a caminhar para uma sociedade mais equilibrada no que toca ao work-life balance ou estaremos simplesmente a aceitar uma cultura preguiçosa, com pouco brio profissional? Há que reflectir sobre os limites onde um cenário acaba e começa o outro.
O trabalho, de facto, não é a nossa vida; não tem de ser, nem deve ser. Ainda assim, parece que assistimos a um cenário oposto ao que predominava até agora: quem tem a ambição de crescer dentro de uma empresa e faz mais do que lhe compete, ultrapassando as expectativas e mostrando resultados, é “mal visto” entre os colegas, o que também me parece injusto. Afinal, cada um deve ter o work-life balance que mais fizer sentido para si. Pode haver pessoas cujo equilíbrio perfeito assenta num peso de 60% para o trabalho e 40% para as restantes esferas da vida, tal como pode haver outras que preferem exactamente o contrário.
Em Portugal, sabemos que grande parte das empresas não oferece programas de acolhimento a novos trabalhadores, formação em contexto de trabalho (actualizada e alinhada com as funções e interesses dos mesmos), sistemas de incentivo ou perspectivas de progressão na carreira. Além disso, temos lideranças tóxicas, sem transparência, que monitorizam os trabalhadores, não confiam na sua autonomia, muito menos na sua capacidade produtiva. Tudo isto resulta, pois claro, em trabalhadores não comprometidos. Se querem trabalhadores produtivos e proactivos, as empresas devem repensar as condições que oferecem. Salários justos, lideranças capazes, ambientes corporativos saudáveis e sistemas de incentivos, bem como perspectivas de progressão na carreira, podem ser a solução.
Os trabalhadores não têm a obrigação de “vestir a camisola” da empresa para lá do necessário, muito menos quando não são compensados por isso – e as empresas têm de o entender de uma vez por todas. Caso contrário, não vão conseguir reter talento.
terça-feira, 27 de setembro de 2022
Colisão com asteroide foi bem sucedida. NASA dá um passo gigante no teste de defesa planetário
Era uma missão suicida
desde o início. A sonda DART foi construída para ser destruída na missão da
NASA que testa a capacidade de alterar a rota de um asteroide no espaço, e o
impacto foi um sucesso. Falta perceber se teve o efeito desejado.
Pela primeira vez na história, uma sonda chocou
de propósito contra um asteroide. Não é um guião de um filme mas uma
missão real, que a NASA concretizou hoje com a colisão bem sucedida com a rocha
Dimorphos. A agência espacial e os cientistas garantem que é um momento histórico
e com um efeito relevante para a defesa planetária.
A missão vai contar no futuro
também com a ajuda da ESA e com tecnologia portuguesa para validar o efeito
real desta experiência de defesa planetária que pode ser crucial no
desvio de um asteroide considerado uma ameaça para a Terra.
Desde cedo que a Agência
Espacial norte americana confirmou que tudo estava pronto para que a espaçonave Double
Asteroid Redirection Test (DART) testasse a teoria dos cientistas.
Para a experiência foi escolhido um sistema de dois asteroide e o objetivo é
que a nave choque com a rocha Dimorphos, uma lua na órbita de Didymos —
que, por sua vez, é um sistema de dois asteróides descoberto em 1996 e que já passou
próximo da Terra.
A missão está a ser preparada há vários anos e a sonda está no espaço há 10
meses para uma missão suicida. O momento
pode ser acompanhado em direto através da transmissão da NASA TV, que teve
início às 23 horas de dia 26 de setembro e que o SAPO TEK seguiu ao
minuto. O impacto aconteceu quando passavam poucos minutos da meia noite desta terça feira, dia 27 de
setembro, em Portugal Continental.
Pode ver ou rever a transmissão dos últimos
minutos da missão DART
Na transmissão foram sendo vistas imagens em direto da sonda, quase em tempo real, à medida que esta se
aproximava do asteroide para a colisão que pode mudar a estratégia
de defesa planetária. A última imagem transmitida da superfície do asteroide,
antes da perda de sinal, confirma o sucesso da missão que ainda vai ser
validada por outros instrumentos.
Última imagem
transmitida pela sonda DART
"Estamos a mostrar que a defesa planetária é uma questão global e que
pode salvar o nosso planeta", afirmou o administrador da NASA, Bill Nelson, admitindo o sucesso da
primeira parte da missão.
Nas próximas semanas o efeito
do impacto vai ser acompanhado para verificar se o asteroide se desviou da
rota, e se a força aplicada foi suficiente para o resultado desejado.
Por isso a NASA diz que o dia de hoje é apenas um primeiro passo naquela que se
pode tornar uma solução relevante para a defesa do planeta.
Entre a excitação e a calma dos sinais positivos
da missão
Durante a transmissão da NASA, vários especialistas explicaram o que é a
energia cinética, e como a transmissão de energia da sonda para o asteroide
pode mudar a sua rota.
A sonda DART está a operar de
forma autónoma há mais de três horas e o controle de missão acaba de confirmar
que a rota está correcta, com o precision lock, um dos últimos passos de
confirmação antes do momento chave da colisão com o Dimorphos, a cerca de
18 minutos.
A excitação nas várias salas
de controle vai aumentando e quando faltam apenas 10 minutos para o impacto há
uma "confiança calma" com a certeza de que tudo está a
correr como planeado, explicam os cientistas no comentário da missão.
DART a poucos minutos do impacto créditos: NASA
A 5 minutos do impacto e depois de anos de
preparação, resta à equipa assistir ao impacto, como todos nós, já que a missão é
agora autónoma. Os comentadores lembram que há cerca de 30 segundos de atraso nas imagens, devido ao tempo de
comunicação entre a sonda e a Terra.
A menos de 2 minutos do impacto a clareza das imagens é impressionante,
mostrando em detalhe o asteroide.
a menos de 2 minutos
do impacto
Preparação para uma missão que pode mudar a
defesa planetária
Há mais de um mês que a NASA confirmou que as
primeiras medições feitas para a missão da sonda DART, ainda em 2021, estavam
correctas. Foi mais um passo para uma missão cuidadosamente planeada e que tem como alvo o asteroide que em 2003
já passou próximo da Terra, a cerca de 7,2 milhões de quilómetros, e que
voltará a aproximar-se no próximo ano, a "apenas" 5,7 milhões de
quilómetros de distância, cerca de 15 vezes a distância da Terra à Lua.
A operação está a ser conduzida pelo Johns Hopkins Applied Physics
Laboratory (APL), o centro de investigação da agência espacial norte-americana
em Maryland, nos EUA, e a
aproximação acontecerá a cerca de 24.000 km/h, com o objetivo de alterar a
trajetória do corpo celeste e não de o destruir.
A colisão vai transferir a energia cinética da nave para a rocha, empurrando-a para mais perto de Didymos e mudando a velocidade da órbita do asteroide secundário em redor do principal em 1%. Recorde-se que os “alvos” desta experiência têm 780 metros de diâmetro, no caso do asteroide principal, e 160 metros no caso do asteroide secundário, aproximadamente a mesma dimensão da Grande Pirâmide de Gizé.
O supertelescópio James Webb também está a observar a missão e vai ser um
instrumento relevante para avaliar os efeitos do impacto.
A força da energia cinética
Embora o sistema binário Didymos não esteja em rota de colisão com a Terra, a missão é um teste para ver se a tecnologia de impacto cinético funciona para desviar quaisquer potenciais rochas espaciais que ameacem o planeta Terra.
O sistema Didymos e a sua lua Dimorphos foram escolhidos como alvo para
esta missão porque o tamanho da
rocha que será atingida pela sonda é semelhante ao dos asteroides que podem
representar uma ameaça para a Terra. A nave é 100 vezes menor que
Dimorphos, e por isso incapaz de destruir o corpo celeste.
Após a colisão planeada, os cientistas vão recorrer a telescópios terrestres para medir os efeitos no sistema
binário de asteroides e ver se ou conseguiu mudar o período orbital de
Dimorphos, e em que escala, o que permitirá perceber se a missão DART
foi bem-sucedida. Telescópios espaciais como o Hubble, o Webb e a missão Lucy
da NASA também vão estar a postos para observar o embate.
A missão DART foi lançada a 24 de novembro do ano
passado, à “boleia” de um foguetão Falcon 9 da SpaceX, a partir da
Califórnia, nos EUA e nos últimos 10 meses a sonda foi afinando a
rota e preparando-se para a colisão com o asteroide.
Clique nas imagens para mais detalhes sobre a
partida da missão DART para o Espaço
HERA com participação portuguesa entra em ação em 2024
Daqui a dois anos vai ser a altura de lançar a missão HERA, aqui já sob a responsabilidade da ESA, que
levará cerca de dois anos de viagem. A nave espacial da ESA sai em 2024 para
chegar ao destino em 2026 com o objetivo de verificar a cratera do impacto resultante, medir a massa do asteroide e
avaliar a sua composição e estrutura interna.
O “contributo” da agência espacial europeia na missão de defesa planetária
conjunta com a NASA e o AIDA (Asteroid Impact Deflection Assessment) conta com a participação das
portuguesas GMV, Efacec e Synopsis Planet, que serão responsáveis
pelo desenvolvimento de alguns dos elementos fundamentais para o sucesso da
missão, assim como com a participação de um professor e investigador da Universidade de Évora.
A GMV Portugal é responsável
por desenvolver um dos sistemas da sonda, o GNC - Guiamento,
Navegação e Controlo, que permite a condução do veículo em trajetórias no
complexo e desconhecido ambiente de proximidade do sistema de asteroides.
“A equipa em Portugal, especificamente, ficou com a responsabilidade
do desenho das trajetórias,
desenho do sistema de controlo de manobra e contribuição para o sistema de
deteção e recuperação de falhas da sonda”, referiu fonte da GMV ao SAPO
TeK.
“NESTE MOMENTO, O DESENVOLVIMENTO ESTÁ NOS SEUS ÚLTIMOS PASSOS E ESTAMOS A
ENTRAR NA FASE DE TESTES E INTEGRAÇÃO DO NOSSO SUBSISTEMA NA SONDA FINAL”,
ACRESCENTOU.
A contribuição da Efacec para
a HERA, por sua vez, traduz-se no PALT (Planetary ALTimeter). Para o
desenvolver, a empresa lidera um consórcio composto por mais uma empresa
portuguesa, a Synopsis Planet, duas empresas romenas (Efacec-Roménia e INOE) e
uma empresa da Letónia (Eventech).
A Synopsis Planet,
spin-off da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, vai desenvolver o laser microchip do
altímetro da Efacec, além de participar na criação do front-end ótico.
As expectativas da GMV é que estas sejam missões de sucesso, tanto a da NASA no desenvolvimento de
tecnologias de impacto, como a da ESA, que está a criar tecnologias que
permitem manobrar com precisão e autonomamente nas proximidades de asteroides.
“SÃO AMBAS MUITO IMPORTANTES. CONSIDERAMOS IMPORTANTE QUE A HUMANIDADE
AUMENTE O CONHECIMENTO SOBRE ASTEROIDES, DESENVOLVENDO E TESTANDO SOLUÇÕES
TECNOLÓGICAS PARA EXPLORÁ-LOS E, POTENCIALMENTE, PROTEGER O PLANETA DE
COLISÕES”, SUBLINHA A GMV.
De referir que nenhum asteroide está atualmente em rota de colisão direta
com a Terra, mas existem mais de
27.000 asteroides “no radar” do planeta azul, de diferentes formatos e
tamanhos.
Nota da Redação: A
notícia foi atualizada durante a transmissão da missão, desde s 23h de dia 26
de setembro até às 00h36 de dia 27 de setembro.
segunda-feira, 26 de setembro de 2022
domingo, 25 de setembro de 2022
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sábado, 3 de setembro de 2022
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