sábado, 30 de maio de 2015
quinta-feira, 28 de maio de 2015
domingo, 24 de maio de 2015
sábado, 23 de maio de 2015
segunda-feira, 18 de maio de 2015
O FILHO DO PAI E O FILHO DA PUTA - A PALAVRA COMANDANTE NÃO ASSENTA NESTE ANIMAL QUE DEVE SER EXPULSO DA PSP.
O Benfica tinha acabado de ser campeão e, em Guimarães, um polícia agride
um homem à frente do filho, que fica a gritar apavorado. Em artigo de opinião,
Pedro Santos Guerreiro escreve sobre as imagens que marcaram o domingo que
deveria ter sido de festa.
Estávamos em Guimarães, era dia de
Benfica campeão e um polícia enfia um enxerto de pancada num homem à frente do
filho, que fica a gritar apavorado, nem dez anos terá, o pai no chão a ser
algemado pelo mesmo agente que, pelo caminho, ainda deu um banano num homem
mais velho ante um outro filho, este adolescente, tinham ido todos juntos à
bola, levaram com um agente desembestado, munido de bastão e escolta, e agora a
PSP vai analisar. Não precisa de analisar, precisa de agir.
O que deveria ter sido uma noite para lembrar foi uma noite para esquecer.
Adeptos do Benfica vandalizaram e agrediram em Guimarães. Claques ou gangues ou
bêbados ou lá o que foi destruíram garrafas, destruíram o Marquês e destruíram
a festa do Benfica, precipitando uma carga policial que levou a eito no centro
de Lisboa. Mas o caso do pai açoitado em Guimarães merece análise própria, não
por ser mais relevante mas por ser desumano, não por ser uma agressão de massas
que gera uma reação grupal mas por ser uma (supõe-se) provocação individual que
recebe um, chamemos-lhe assim, excesso de força. Chamemos-lhe assim para não
lhe chamar outra coisa: que uma besta quadrada com poder de lei para usar a
força é um perigo no meio da rua onde passamos.
Vamos supor que a besta quadrada até foi o agredido. O que vemos são só trinta
segundos de imagens, não sabemos se aconteceu algo antes nem o que é dito
durante. Sabemos que é inverosímil haver ameaça à ordem pública ou ao agente,
dada a pacatez dos circunstantes, que aparentemente se estão a fazer difíceis
em destroçar. Sabemos que a agressão máxima terá sido verbal. E sabemos que
sabemos que aqueles trinta segundos vão mudar a vida daqueles miúdos para
sempre. Mas sim, vamos imaginar que o homem que está prestes a levar uma tareia
disse a pior coisa possível, que o homem mais velho pior ainda e até que os
miúdos são uns selvagens. Mesmo que tudo isto tenha acontecido – e não é nada
disso que se vê -, a reação do agente policial é injustificável, pela
desproporção, pela gratuitidade da violência e pela cegueira de sovar um pai à
frente do filho. Foi tão escabroso que há um polícia que acode imediatamente ao
miúdo, afastando-o e tapando-lhe a visão. E foi tão evidente que o operador de
câmara da CMTV, inteligente, cedo percebe que a “notícia” não é o homem que
está a apanhar, é o miúdo que está a ver – para quem ele desvia a câmara.
É evidente que, neste caso, o agente tem de ser expulso da força policial. “A
PSP tem por missão assegurar a legalidade democrática, garantir a segurança
interna e os direitos dos cidadãos, nos termos da Constituição e da lei” – e
nesta missão não há um asterisco que diga que “em certos casos é admissível que
um agente perca a cabeça e esmurre famílias que à sua ordem não destrocem
imediatamente dos muretes onde se demoram”. Até porque o agente é graduado, é
comandante, é experiente – e dá medo pensar nessa experiência e em quem passou
por ela...
O que se passou no Marquês, repito, é diferente. O corpo de intervenção serve
para “ações de manutenção e reposição de ordem pública” e “combate a situações
de violência concertada” e é indiscutível que uma das coisas aconteceu: a ação
do corpo de intervenção foi necessária, em causa está o grau dessa ação, houve
civis feridos e polícias feridos.
Em Guimarães, aquele miúdo viu o que miúdo nenhum pode ver. Só que desta vez
nós também vimos. E se a CMTV não estivesse ali? A pergunta na verdade não é
essa. A pergunta é: e quantas vezes a TV não está ali? E nesses vezes, a PSP
faz o quê? Os agentes policiais que violam os princípios da lei e envergonham a
sua própria força, o que lhes acontece?
Não podemos tomar a floresta pela árvore mas é de árvores que a floresta se faz
e a nossa floresta – de polícias, de pais e de miúdos – torna-se sã ou doente
não só por causa destes casos mas pela forma como a tolerância ser torna ou não
complacência e a impunidade se subverte ou não em aceitação. Aceitamos isto?
Não. Claro que não. E isto, é um caso isolado ou é hábito na PSP? Nem um
polícia em cada esquina nem uma câmara atrás de cada polícia nem um país onde
ir à bola é um risco e nem sequer por causa dos vândalos mas por causa de quem
nos deve proteger deles.
Pedro Santos Guerreiro
Pedro Santos Guerreiro
domingo, 17 de maio de 2015
quarta-feira, 13 de maio de 2015
segunda-feira, 11 de maio de 2015
sexta-feira, 8 de maio de 2015
segunda-feira, 4 de maio de 2015
SENHOR JESUS DAS CHAGAS - PADROEIRO DE SESIMBRA - 4 MAIO
Festa em Honra do Senhor Jesus das Chagas
Segundo reza a lenda, no século XVI, terá
aparecido na praia, sobre um rochedo, a “Pedra Alta”, uma imagem de Cristo
crucificado, que os pescadores devotamente levaram em procissão até à Igreja da
Misericórdia, e a tomaram como seu santo padroeiro nomeando-o de Senhor Jesus
das chagas.
As celebrações em honra do padroeiro dos pescadores de Sesimbra têm lugar nos
últimos dias de Abril e na primeira semana de Maio, sendo os dias 3, 4 e 5
deste mês os mais importantes. É a festa principal da vila que se desdobra por
novenas, sermões, pagamento de promessas e procissão, uma das maiores do sul do
país, cujo percurso é semelhante ao que se fazia no século XVIII.
O início das festas dá-se com a realização de uma pequena procissão de
transferência da imagem da capela da Santa Casa da Misericórdia para a Igreja
Matriz. Esta procissão realiza-se ainda durante o mês de Abril e durante os
dias em que aí permanece realiza-se a Novena.
O dia 4 de Maio é o da procissão em que a imagem do Senhor Jesus das Chagas
percorre as ruas de Sesimbra. O pendão em que se inscreve a sigla S.P.Q.R.
inicia a procissão, seguida da fanfarra dos Bombeiros de Sesimbra da Cruz da
Irmandade e do duplo cordão das capas vermelhas. Segue-se a imagem do Senhor
Jesus das Chagas e por fim seguem a banda e os devotos que cumprem promessas. A
procissão dura aproximadamente duas horas, durante a qual há nove paragens
obrigatórias e em que é feito um pedido de bênção. Ao longo do percurso quatro
ou cinco dessas paragens são viradas para o mar e as restantes para a terra.
Algumas das ruas onde passa a procissão são totalmente atapetadas de alecrim da
Serra da Arrábida.
Originalmente a imagem partia da capela onde estava todo o ano. No final do
século XVIII a imagem passou a ser trasladada para a Igreja Matriz dez dias
antes da véspera do dia da procissão. Este facto deveu-se ao crescimento da
população e ao aumento do número de participantes, que só a Igreja Matriz podia
acolher.
No que respeita a organização, podemos dividi-la por três instituições:
- A igreja tem a seu cargo as cerimónias religiosas e organiza em
complementaridade com a Comissão de Festas a procissão, a novena e as missas
que se celebram nos dias festivos;
- A Câmara Municipal organiza o arraial, as actividades musicais, desportivas e
o aluguer do espaço;
- A Comissão de Festas, composta por um Juiz e os chamados festeiros, em regra
pescadores, coordena toda a organização da festa. A comissão muda anualmente,
sendo costume o Juiz propor o seu sucessor. A proclamação do novo juiz é feita
no decorrer das cerimónias sendo, na sua tomada de posse tomado um compromisso
solene e público de levar a bom termo a realização das festas no ano seguinte.
A Festas das Chagas envolve, de forma mais ou menos assumida, uma força de
religiosidade de todo um povo, que, embora mais ou menos descrente noutros
momentos da vida, vai tentando compensar ao menos uma vez por ano a sua
obrigação para com o grande Protector colectivo e a título individual.
As imagens de Cristo crucificado de grandes dimensões eram um imperativo em
qualquer templo cristão, nos finais da Idade Média, pois, segundo diziam os
pregadores, os fiéis, mal entrassem numa Igreja, deviam contemplar no Mistério
da Paixão de Cristo as verdades essenciais da sua fé. Os acontecimentos da
Reforma provocaram nos países protestantes a destruição ou mutilação de muitas
imagens, ou a sua remoção dos altares. Em contrapartida, nos países católicos
reforçou-se o culto das Imagens, sendo algumas delas encontradas nas praias ou
no mar e reputadas como sendo provenientes dos países dos hereges. Terá sido o
que aconteceu com a notável imagem do Senhor Jesus das Chagas, encontrada no
século XVI por pescadores da Vila de Sesimbra e desde então objecto de grande
devoção pelos sesimbrenses. Trata-se de uma Imagem tardo-gótica, em madeira de
grandes dimensões, representando Cristo morto na Cruz, que a devoção popular
cobre com cabelos humanos e com um sendal de tecido ricamente bordado. O
resplendor da imagem é barroco, o mesmo podendo dizer-se da monumental cruz a
que se encontra afixado. Quando sai em procissões, o andor é ricamente
ornamentado com flores que significam mais do que uma vaidade de promessa, elas
envolvem uma linguagem de ressurreição e que envolve o Crucificado em tempo
pascal.
A imagem do Senhor Jesus das Chagas é classificada como sendo artisticamente
simples, sociologicamente simbólica e cristãmente representativa. É uma imagem
diferente e poderosa! Ao longo dos anos a devoção ao Crucificado tem estado
sempre presente nesta tradição sesimbrense embora tenham havido algumas
mudanças, principalmente na preparação para a procissão. Como tal, fomos falar
com o Sílvio Couto, pároco da Paróquia de Santiago e um dos principais
intervenientes na festa. Foi ele que nos explicou as mudanças que têm vindo a
acontecer, embora “mais em pormenor e não nas questões de fundo”. Segundo o
próprio “a expressão mantém-se, a forma de viver é que pode transformar-se, de
acordo com cada tempo”.
Publicada por Mariposa
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