Com
este resultado, Portugal somou duas medalhas nos Europeus, mais do que o
projectado, e teve outros desempenhos de relevo num certame em que, na ausência
da Rússia, a Polónia e a Grã-Bretanha foram as potências dominantes.
A
final do triplo salto mostrou que a extrapolação linear do que se passa numa
qualificação para a final nem sempre é possível. E isto logo de início, quando
o júnior francês Melvin Raffin, que na ronda preliminar tinha chegado a 17,20m,
se mostrou muito nervoso e nunca encontrou um salto parecido. Também o alemão
Max Hess, desde os 17,52m qualificativos reforçado como grande favorito, entrou
mal na final com dois nulos e, a partir daí, ficou claro que este concurso
seria diferente do que se poderia pensar.
Depois
de um nulo a abrir, Nelson Évora saltou 16,92m no segundo ensaio, obtendo por
larga margem a sua melhor marca da época. Nessa altura, o italiano Fabrizio
Donato, com quase 41 anos, tinha já chegado a 17,13m e entrado na corrida às
medalhas de maneira improvável. Max Hess respondeu com 17,12m ao terceiro
ensaio e o contragolpe de Évora foi felino, fazendo relembrar os velhos tempos,
especialmente no salto do meio, designado “step”, em que parece parar no ar.
Com
17,20m, obtinha menos um centímetro do que há dois anos, quando se sagrara
campeão europeu indoor, em Praga, mas fazia outra vez o seu melhor da
temporada, igualando o segundo melhor registo mundial do ano, em parceria com
Raffin e com o ausente Lyukman Adams. E passava para a frente, o que era de
longe o facto mais importante. Depois, foi ver o tempo passar, numa espera
tensa, mas, à imagem da prova feminina da véspera, toda a gente foi ficando com
a pólvora seca e nenhum atleta dos nove presentes melhoraria na segunda metade
do concurso.
Évora,
por seu lado, fez um nulo no quarto salto, 16,98m no quinto e outro nulo a
fechar, mas quando efectuou o último ensaio já era campeão, pois, antes do
português, Donato e Hess ficaram-se pelos 16,5m no fecho dos concursos.
Aos
quase 33 anos, que cumprirá a 20 de Abril próximo, Nelson Évora continua a
surpreender. E quem acreditasse que os Jogos Olímpicos do ano passado poderiam
ser o seu canto do cisne quanto a resultados de topo em eventos maiores teve um
claro desmentido. Com a marca deste domingo, o triplista que nesta época trocou
o Benfica pelo Sporting cumpre a sétima temporada a ultrapassou a barreira dos
17 metros.
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