Selecção nacional vence a Espanha, por 3-2, na dramática final de Ljubljana
e conquista um inédito Europeu. Um golo de Bruno Coelho nos segundos finais do
prolongamento valeu o troféu
Depois
de Portugal ter feito história no futebol ao conquistar o Europeu de 2016, em
França, foi a vez de o futsal nacional subir ao trono europeu da modalidade. O
triunfo frente à Espanha, na final de Ljubljana (3-2), este sábado, rendeu
também a Ricardinho o título de selecções que lhe faltava numa carreira
recheada de êxitos.
Ricardinho
está para o futsal nacional como Cristiano Ronaldo está para o futebol. Ambos
já foram galardoados cinco vezes como os melhores jogadores do mundo nas
respectivas modalidades, mas para a sua consagração faltava um troféu ao
serviço de Portugal. CR7 desfez a lacuna em Paris, há menos de dois anos; R10
seguiu-lhe o rasto na Eslovénia.
Até o
dramatismo que envolveu estas duas conquistas teve pontos em comum. Em Paris,
Ronaldo lesionou-se logo no arranque da final com a equipa anfitriã, mas a sua
infelicidade motivou os seus companheiros, com o improvável Éder a apontar o
golo solitário do triunfo.
Em
Ljubljana, Ricardinho foi obrigado a abandonar a partida depois de ser
derrubado por um adversário, mas já no início da segunda parte do
prolongamento. Viu do banco o golo da vitória de Bruno Coelho no último minuto
do tempo extra.
Bem
diferente foi o percurso das duas selecções até à final. Se a equipa de Ronaldo
acabou bafejada pela sorte que a empurrou até Paris, o conjunto de Ricardinho
esteve impecável nesta caminhada triunfal. Venceu todas as partidas e, acima de
tudo, convenceu de tal forma que chegou a esta final dividindo o favoritismo
com a Espanha, heptacampeã europeia (1996, 1999, 2005, 2007, 2010, 2012 e 2016)
e bicampeã mundial (2000 e 2004) — e uma das melhores equipas do mundo.
Para se
ter uma ideia da diferença de estatuto entre as duas selecções, basta referir
que Portugal nunca tinha batido o seu adversário ibérico em jogos oficiais. Em
nove partidas disputadas, sete em Europeus e duas em Mundiais, perdeu oito e
apenas empatou um encontro, disputado a 17 de Fevereiro de 2003, há
praticamente 18 anos.
Na
Eslovénia, a história não teve peso. Portugal chegou à final 100% vitorioso,
com o ataque mais eficaz (20 golos apontados) e a defesa mais sólida (sete
sofridos). Pelo contrário, Espanha teve uma caminhada mais acidentada, apesar
de ser naturalmente a principal candidata ao título, face ao palmarés.
A
motivação do capitão Ricardinho, que defrontava vários dos seus companheiros no
Inter Movistar, fez-se sentir logo no primeiro minuto, quando abriu o marcador,
após interceptar uma bola e fuzilar a baliza de Paco Sedano, o melhor
guarda-redes do mundo. Uma entrada determinada, que se prolongou quase por toda
a primeira parte, com Portugal a criar as melhores oportunidades. Conseguiu-o
através de uma pressão alta, que muitas vezes forçava o erro do adversário logo
na primeira linha de construção. No melhor pano cai a nódoa e, já nos instantes
finais da primeira metade, uma desconcentração defensiva permitiu o empate
(Tolrá).
O golo
serviu de mote aos espanhóis no reatamento, já que acabaram mesmo por dar a volta
ao resultado, após nova falha junto da baliza nacional na cobrança de um livre
indirecto. Lin, sem marcação no segundo poste, limitou-se a empurrar para as
redes. O drama português prolongou-se quase até ao final, quando Bruno Coelho
tirou da cartola o empate que valia o prolongamento. E foi providencial o papel
do jogador do Benfica nesta final e no torneio. Depois de um susto ainda no
primeiro tempo, quando saiu lesionado, regressou na segunda parte. A tempo de
empatar e de assinar o golo do triunfo nos últimos segundos do prolongamento,
de livre directo.
“Portugal
está onde devia estar há muito tempo”, sintetizou Ricardinho após levantar o
troféu. Depois dos sete títulos de Espanha, de dois da Itália e um da Rússia,
Portugal inscreve assim o seu nome na galeria de campeões europeus.
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