terça-feira, 7 de agosto de 2018

INÊS HENRIQUES DE OURO - EUROPEU ATLETISMO - 50 KM MARCHA - BERLIM 2018


Ainda são poucas as mulheres que participam em provas de 50 quilómetros marcha, a prova mais longa de todo o atletismo, mais longa, mais lenta e mais cruel (por causa das desclassificações) que a maratona. Há um ano, em Londres, os Mundiais de atletismo abriram esta prova às mulheres e participaram sete. Este ano, os Europeus de Berlim fizeram o mesmo e tiveram 19 marchadoras. Tanto nos Mundiais britânicos como nos Europeus germânicos, a campeã foi a mesma, Inês Henriques, a portuguesa que continua a ser uma pioneira, agora com mais uma medalha de ouro para a colecção.
Na contabilidade portuguesa em Europeus de atletismo, esta foi a 14.ª medalha de ouro, com Inês Henriques a juntar-se a Rosa Mota (3), Francis Obikwelu (3), Manuela Machado (2), Fernanda Ribeiro, António Pinto, Dulce Félix, Patrícia Mamona e Sara Moreira como campeã continental. Esta foi também a quarta medalha obtida por marchadores portugueses em Europeus, depois da prata (2010) e do bronze (2006) de João Vieira em 20km, e do bronze de Susana Feitor nos 10km em 199
Tal como acontecera nos Mundiais de Londres, partiram todos ao mesmo tempo, homens e mulheres. E Inês Henriques, sem concorrência no seu género, começou logo a descolar das outras 18 a partir dos primeiros metros, e foi com os homens. Isso valeu-lhe um raspanete de Jorge Miguel, o seu treinador, quando acabou a prova. É sempre um risco na marcha querer ir demasiado depressa, por causa das desqualificações, e isto é especialmente verdade na prova dos 50km e com condições atmosféricas adversas, em que a gestão do esforço tem de ser super-rigorosa – são frequentes as imagens de atletas a desfalecer ao cortarem a meta, ou até antes.
Mas Inês Henriques não precisou de correr em ritmo de recorde do mundo para garantir com tranquilidade o título europeu. Esteve nessa passada até aos 30km, mas, como a própria confessou no final, entrou em modo gestão quando sentiu algumas dores nas pernas. "Inicialmente seguia muito bem, mas a temperatura foi subindo ao longo da prova, e, por volta dos 30km, senti dificuldades, e a perna cedeu um pouco. Felizmente, tinha uma grande vantagem e controlei a prova. Pretendia bater o recorde do mundo, com as dificuldades não foi possível, mas o principal objectivo era ser campeã da Europa”, disse a atleta portuguesa, citada pela agência Lusa.
Foi mesmo isso que aconteceu. Inês Henriques controlou a prova. Correu sozinha do princípio ao fim e terminou os 50km com o tempo de 4h09m21s, longe do seu melhor na distância, mas mais que suficiente para ser a primeira campeã europeia da distância mais longa da marcha, e ainda ter forças para levar uma bandeira gigante de Portugal nos últimos metros e chorar de alegria abraçada ao treinador após cortar a meta. Bem distantes ficaram a ucraniana Alina Tsviliy (4h12m44s) e a espanhola de origem húngara Julia Takács (4h15m22s), que completaram o primeiro pódio da disciplina em Europeus (apenas cinco das 19 participantes não chegaram ao fim).
A portuguesa teve até o extra de ter terminado a sua prova à frente de quatro atletas masculinos, um deles Pedro Isidro, o melhor dos dois portugueses. Isidro terminou em 24.º entre os 26 que chegaram ao fim, com o tempo de 4h11m44s – João Vieira, um duplo medalhado na distância mais curta, desistiu aos 28km, com dores nos gémeos. O vencedor da prova masculina acabou por ser o ucraniano Maryan Zakalnystkyy (3h46m32s), à frente do eslovaco Matej Toth (3h47m27s), campeão mundial em 2015 e campeão olímpico em 2016, e do bielorusso Dzmitry Dziubin (3h47m59s).







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